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Polémica António Sérgio-Bento Caraça

António Sérgio - Bento de Jesus Caraça

5. Segunda resposta de Sérgio e réplica final de Caraça

Autor
Augusto Fitas

A polémica caminha para o fim, haverá mais uma réplica de cada um dos contendores, mas ambos sabem que as suas posições são irredutíveis, não adianta cavar mais trincheiras porque não há nada a ganhar. Na última peça do autor de Ensaios, Explicações para os que entendem a língua que eu falo, o título assume o reconhecimento que os campos em que ambos se situam têm perspectivas radicalmente diferentes.

Sérgio insiste nos seus argumentos e na defesa dos seus pontos de vista em resposta às observações de Caraça, mas há um dado novo: esclarece porque iniciou a polémica ou levanta o véu sobre a razão pela qual iniciara a sua nota com a citação retirada do volume número 18 da Biblioteca Cosmos.

Escreve ele, «Quando vi nos Conceitos fundamentais da matemática [determinados trechos] [...] do Professor Caraça (só agora falo neles, mas é por causa deles que vem tudo) eu vi aí um incitamento à incultura filosófica, à incompreensão da genialidade, à barbarização dos leitores»[1]; e os trechos, quais são? Foge-se à citação completa, mas repete-se uma parte (citando passagens do texto de Caraça[2]): «[...] Mas há no pensamento de Platão qualquer coisa de mais importante, de mais fundo, qualquer coisa de que a teoria das Ideias é o instrumento — a defesa contra a fluência e o carácter aristocrático do sistema — e isso fica [...] O pensamento grego dominante apa­rece invadido pelo horror da transformação, e de aí resulta o horror do movimento, do material, do sensível, do manual[...]»[3]; «Ora aí está... o nosso filósofo (Platão) conseguiu o seu objectivo! escamotear a transformação, o devir (falsa aparência!) pondo, entre nós e ele, a figura geométrica [...]»[4]. E Sérgio acrescenta a razão de ser do seu propósito: «[...] foi somente para dissipar a ridiculez vexante com que na prosa de Caraça me apareceu Platão — foi para isso, tão só, — que eu acudi à pena [...] ao cabo de contas (repito-o) essa aflitiva comicidade é o que me fez vir à liça, e ao tom cari­catural dessa encenação de farsa é que pretendi arrancar o meu ilustre Amigo»[5].

Por outras palavras, aquilo que para Sérgio não passava de uma «teatralização de títeres, de uma filosofal galhofeira,— bonifratada», era a interpretação histórico-social da personagem que foi Platão, e das suas ideias, perspectiva da qual discordava abertamente. E Caraça, ao encerrar a discussão em Notas em Guisa de conclusão, lamenta veementemente «que a questão não tivesse sido posta logo no seu devido pé [...] teria sido mais leal para mim, para os leitores e para si próprio»[6]. Fim da polémica.


[1] (Sérgio,1946a: 229).
[2] (Caraça, 1942).
[3] (Ibid.: 103), in (Sérgio,1946a: 229), itálicos no original.
[4] (Ibid.: 109), in (Sérgio,1946a: 229).
[5] (Sérgio,1946a: 230).
[6] (Caraça, 1970b: 319). Escrita em 1946, mas não entregue na Vértice e só publicada em 1970 (Pedroso, 2007: 624) e que se reproduz abaixo, a partir do original dactilografado existente no espólio documental de BJC.
 

Ver
António Sérgio: Explicações para os que entendem a língua que eu falo (3.87 MB)
Bento de Jesus Caraça: Notas em guisa de conclusão (Bento Caraça) (569.08 KB)

Polémica

  • Apresentação
  • 1. Uma nota de António Sérgio
  • 2. Primeira réplica de Caraça
  • 3. Nova resposta de Sérgio
  • 4. Segunda réplica de Caraça
  • 5. Segunda resposta de Sérgio e réplica final de Caraça
  • 6. Conclusão provisória
  • 7. Referências
  • 8. Adenda
A Associação tem por objetivo principal divulgar o pensamento de Bento de Jesus Caraça, dando a conhecer a sua Vida e Obra, organizando e participando em iniciativas que promovam a cultura integral em prol das comunidades, através da divulgação das humanidades, das ciências e das artes nas suas diversas expressões.

Associação Bento de Jesus Caraça      abjc@associacaobentodejesuscaraca.pt

Pessoa coletiva      514948698