Moral da história: não houve vencedor nem vencido. Esta polémica no campo das ideias da história e filosofia da ciência é importante na medida em que pôs em confronto teses opostas que na época pareciam polarizar uma grande influência sobre o meio intelectual português, ou, por outras palavras, e de uma forma assaz simplista: é a afirmação do racionalismo, sujeitando-o ao confronto entre, por um lado, uma raiz materialista (a compreensão enunciada por Caraça) e, por outro, uma matriz idealista (sustentada por Sérgio), onde está patente a mesma ambição, dominando ambos os contendores, em implantar um ideário fundamental que contribua para a formação de um homem cultural e civicamente libertado.
Esta disputa pública, como outras que também aconteceram, mostra que, para a época, «apesar dos constrangimentos político-culturais nacionais foi por meio destas polémicas [...] que o pensamento português manteve alguma actualidade pública, não se comprazendo no isolamento internacional no campo da epistemologia»[1] acabando por constituir uma referência histórica da filosofia da ciência que se fazia no país.
[1] (Rodrigues, 2003: 237).